Bebês reborn e therians: quando a fantasia ultrapassa os limites da realidade
Publicado em: 20 de maio de 2025 Por Comunicação Deputado Gilmaci Santos
Vou começar esse artigo com uma curiosidade, que eu também não conhecia, mas que me interessou quando esses casos todos envolvendo bebês reborn, as bonecas hiper-realistas que imitam recém-nascidos – e que podem custar até R$10 mil –, começaram a vir à tona: Como surgiram os bebês reborn?
Descobri que a história dessas bonecas remonta lá no final da Segunda Guerra Mundial, na década de 1940. Com a escassez pós-guerra, era necessário reinventar brinquedos para trazer esperança às crianças, e dar nova “vida” às bonecas antigas por meio de técnicas artesanais era uma das formas. Por isso o nome reborn, que significa renascido em português. Nos anos 1990, nos Estados Unidos, a técnica evoluiu, com artistas aprimorando o realismo dessas bonecas, que passaram a ser utilizadas como ferramentas terapêuticas para lidar com lutos, ansiedade e solidão. Porém, o que inicialmente era visto como inofensivo ou uma forma de lidar com traumas emocionais tem ultrapassado limites preocupantes.
Em Goiás, um casal em processo de separação entrou na Justiça disputando a guarda de uma bebê reborn adquirida durante o relacionamento. E mais, a boneca tem um perfil em uma rede social que gera renda por meio de publicidade, o que virou outro motivo de briga, já que o casal discute quem deve administrar o perfil.
Em Minas Gerais, uma mulher levou seu bebê reborn a um hospital público alegando que a “criança” estava com febre. O caso chamou atenção de alguns políticos, que têm apresentado projetos de lei, em diversos estados, para proibir atendimentos a essas bonecas em unidades de Saúde, proibir a expedição de documentos para elas em órgãos públicos, matrícula em creches ou escolas, entre outras coisas, com previsão de pagamento de multa para quem não cumprir o que for determinado.
Pessoas que se identificam como animais

Paralelamente aos inúmeros acontecimentos relacionados aos bebês reborn, um outro fenômeno tem chamado atenção: os therians. São indivíduos que se identificam parcial ou totalmente como animais, seja em um nível espiritual, psicológico ou neurobiológico. A palavra therian vem do grego, theríon, e significa animal selvagem. Os therians surgiram como um conceito, principalmente dentro de comunidades on-line, e são cada vez mais numerosos. Eles organizam encontros e convenções para compartilhar experiências e fortalecer laços. Esses eventos, muitas vezes realizados em ambientes naturais, permitem que os participantes expressem sua identidade animal de forma mais autêntica, digamos assim, inclusive usando vestimentas, maquiagem, fantasias e máscaras que remetam aos animais.
Um dos casos de therian que ficaram famosos foi o de um japonês identificado como Toco, que gastou o equivalente a R$75 mil para realizar o sonho de se tornar um cachorro. Ele comprou uma fantasia realista da raça Border Collie e imita os hábitos do animal.
Saúde mental e sociedade
A crescente popularidade dos bebês reborn e dos therians levanta questões profundas sobre os valores da nossa sociedade hoje em dia. É fundamental refletir sobre até que ponto a fantasia pode interferir na realidade e comprometer recursos públicos e normas sociais estabelecidas. A valorização da família, da responsabilidade individual e do respeito às instituições deve prevalecer sobre modismos que, embora pareçam inofensivos, têm o potencial de desvirtuar princípios fundamentais da convivência social. Precisamos pensar sobre isso!
Fotos: Reprodução da Internet